Segundo alguns autores, a ejaculação precoce representa a queixa sexual mais comum entre os homens, chegando a acometer até 75% da população masculina!
De acordo com a International Society for Sexual Medicine (ISSM), ela é caracterizada pelos seguintes achados:
– Ejaculação que ocorre sempre ou quase sempre em até um minuto após a penetração vaginal ou presença de uma redução significativa do tempo de latência (“tempo para ejaculação”), geralmente para menos de três minutos;
– Incapacidade de retardar a ejaculação, causando insatisfação;
– Consequências pessoais negativas, como frustração, angústia e evasão do contato
sexual íntimo.
Como podemos perceber, trata-se de uma disfunção sexual em que o homem tem dificuldade em retardar a ejaculação, comprometendo a qualidade do convívio sexual e gerando frustração e sofrimento. O paciente chega a evitar novos contatos sexuais, para não enfrentar uma nova experiência desagradável.
A ejaculação precoce pode estar presente desde o início da vida sexual ou aparecer posteriormente, em homens que inicialmente não apresentavam esse tipo de queixa.
O tempo médio que o homem leva para ejacular a partir do início da penetração vaginal (tempo de latência intra-vaginal) é de seis minutos, de acordo com alguns estudos. Classicamente, costuma-se utilizar o tempo de um minuto como definidor de ejaculação precoce; no entanto, é necessário ter em mente que esse tempo para caracterizar a disfunção sexual é relativo e precisa ser encarado com flexibilidade. O mais importante é tentar quantificar o grau de incômodo que a incapacidade de retardar a ejaculação está causando na qualidade da vida sexual. Alguns pacientes, por exemplo, reclamam de uma ejaculação rápida apesar de apresentarem tempo de latência intra-vaginal normal ou até mesmo prolongado.
Fatores psicológicos, como a ansiedade, estão fortemente relacionados ao desenvolvimento desta disfunção sexual. É bastante comum nestes pacientes a ocorrência de ansiedade antecipatória ou ansiedade de performance, que ocorre quando a preocupação com a falha durante o ato sexual ou com a performance insatisfatória acaba levando a uma deterioração da função sexual e fuga de novos contatos sexuais.
Outro dado importante é que existe uma frequente associação entre ejaculação precoce e disfunção erétil, que apresentam uma relação bidirecional e podem levar a um “círculo vicioso”. Tanto a ejaculação precoce pode ocasionar uma perda da rigidez peniana, como a disfunção erétil pode levar a uma ejaculação mais rápida. Estima-se que a ejaculação precoce ocorre em 30-50% dos pacientes com queixa de disfunção erétil.
A ejaculação precoce é uma condição médica bastante complexa, mas com diferentes opções de tratamento disponíveis. Desse modo, é fundamental o acompanhamento por um professional dedicado ao tratamento das disfunções sexuais masculinas.
Referências
- El-Hamd MA, Saleh R, Majzoub A. Premature ejaculation: an update on definition and pathophysiology. Asian J Androl. 2019;21(5):425-432.
- Russo GI, Serefoglu EC. Premature Ejaculation: 2020 Update. Curr Sex Health Rep. 2019;11:411-420.